sábado, 21 de junho de 2008

Histórias de Livreiro II "Ser Livreiro"

 

Atendo ao telefone e uma voz feminina imediatamente indaga:

- Moço! O Senhor tem toner para impressora?

Mal consigo responder negativamente e ela continua:

- E papel ofício tamanho A4? 

Procurei adiantar-me para evitar que ela pergunte mais alguma coisa e consegui explicar que eu trabalhava somente com livros e não tinha nem suprimentos nem material de escritório.

Antes de desligar ela disparou:

- Ah! Coitado!

Ainda segurando o telefone, tentei entender. Será que trabalhar com livros parece ser tão ruim assim?

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No Sebo

Estupidez de arrepiar.

Um rapaz jovem entrou na livraria com uma expressão de quem não estava muito à vontade. Logo percebi que livros não eram a sua "praia", mas que seja: fui atendê-lo. – Vocês compram livros usados? Sim, respondi. É o que fazemos aqui quando não temos coisa melhor para fazer. –E quanto o senhor paga pelo livro velho? Expliquei que ele teria que trazer os livros ou que iríamos até seu endereço para fazer a avaliação. –Mas é só um que eu tenho. Interrompeu o rapaz. - E um amigo me explicou que é um livro muito raro. É um livro do Shakespeare, e é do tempo em que ele ainda escrevia em português. E foi além: -Só muito mais tarde é que ele aprendeu a escrever em inglês, sabe?Deve valer uma fortuna! Minha surpresa foi tamanha que só consegui dizer que “livros com tamanha raridade” eu não trabalhava e que ele precisaria procurar alguém mais especializado em Porto Alegre. O rapaz agradeceu e saiu. Só depois de rir muito é que me dei conta da maldade que cometi. Agora, fazer o quê?