quarta-feira, 12 de agosto de 2009

F a r o e s t e




Leio no jornal que por conta do aumento da violência e da criminalidade estamos retornando aos tempos do “faroeste”. Fui tomado por uma alegre nostalgia. Saudade até. Lembro das tardes de criança na década de 60.

Depois da escola, do almoço, e da sesta, reuníamo-nos no salão de baile da vila Languirú para assistir televisão. A TV Piratini canal 5 começava a transmitir às 3 horas da tarde.

Chegávamos cedo e entre brincadeiras arrumávamos as cadeiras de palha trançada em filas diante do televisor que em preto e branco já apresentava o indiozinho da imagem-padrão do canal 5 ao som de músicas da época.

Eram tempos de “O Gordo e o Magro”, “Os Três Patetas” e os seriados de faroeste: “Aventuras de Rin-Tin-Tim”, “Bonanza”, “James West” “ “Bat Masterson” e tantos outros.

Tempos de regras claras nesses dos filmes de “faroeste”. Era a lei do mais forte, do mais hábil e salve-se quem puder. O Xerife enquanto conseguia sobreviver, tirava os malfeitores de circulação e estes, conforme o crime, eram julgados por um júri composto de quem estivesse por perto do “Saloon” entre algumas doses de uísque e dançarinas dançando ao som de uma pianola. As leis eram simples: Era proibido roubar, ir contra os poderosos, dar em cima de mulher do próximo. Mas o que dava forca mesmo era matar quem estivesse desarmado, ou pelas costas. O sujeito tinha que enfrentar as adversidades frente a frente. Ainda teremos muita saudade do “faroeste”. Hoje os tempos são outros. A ética do cara-a-cara está cada vez mais em desuso. Faz muito que o livro “Arte da Guerra” do general Sun Tsu, com sua normas de conduta , conquistou as mentes de empresários e criminosos o que via de regra, muitas vezes dá no mesmo. Entre outras maravilhas da ética o General ensina: “ Quando capaz, finja incapacidade, quando próximo finja que estás longe, se estás em inferioridade de condições bate em retirada, avança e ataca quando não te esperam (de preferência pelas costas ou quando o inimigo estiver dormindo). Este é o retrato do mundo moderno. A violência que estamos presenciando é apenas o começo do que ainda está por vir. Estamos à mercê de bandidos de toda a sorte: Traficantes, assaltantes, seqüestradores, assassinos e não sabemos mais a diferença entre estes ou empresários e políticos.

O problema é que depois da ética do faroeste com a lei do mais forte veio Sun Tzu com a lei do mais esperto . Hoje para a maioria das grandes empresas, não somos mais clientes e muito menos consumidores. Somos reféns.

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No Sebo

Estupidez de arrepiar.

Um rapaz jovem entrou na livraria com uma expressão de quem não estava muito à vontade. Logo percebi que livros não eram a sua "praia", mas que seja: fui atendê-lo. – Vocês compram livros usados? Sim, respondi. É o que fazemos aqui quando não temos coisa melhor para fazer. –E quanto o senhor paga pelo livro velho? Expliquei que ele teria que trazer os livros ou que iríamos até seu endereço para fazer a avaliação. –Mas é só um que eu tenho. Interrompeu o rapaz. - E um amigo me explicou que é um livro muito raro. É um livro do Shakespeare, e é do tempo em que ele ainda escrevia em português. E foi além: -Só muito mais tarde é que ele aprendeu a escrever em inglês, sabe?Deve valer uma fortuna! Minha surpresa foi tamanha que só consegui dizer que “livros com tamanha raridade” eu não trabalhava e que ele precisaria procurar alguém mais especializado em Porto Alegre. O rapaz agradeceu e saiu. Só depois de rir muito é que me dei conta da maldade que cometi. Agora, fazer o quê?